De como passei a sentir repugno por Sam Uley
Passaram-se os dias, as noites, rápido demais. Leah estava melhorando seu humor. Assim como eu ainda sentia falta de Peter... Ela também sentia. Agora isso se dava ênfase, junta-se com os doze dias completos que Sam não dava notícias. Contava para mamãe a mesa do balcão da cozinha de como eu estava chateado por Peter ter sumido e me deixado sem parceiro para o vídeo-game. Ela fingia que prestava atenção, enquanto picava uma coisa vermelha e gosmenta para o jantar. Contava. Até Leah aparecer.
- Sam sumiu a doze dias mãe, você acha que isso pode... – A campainha tocou, impedindo que ela continuasse. Eu estava curioso para ouví-la, era sobre Sam, é claro que eu queria saber. Não que fosse da minha conta, não era de meu costume fuxicar na vida de casal deles. Mas era para o bem de minha própria irmã.
– Emily! – Ela berrou seguindo para abrir a porta. Era bom ver Emily, mas ninguém na família gostava mais da garota do que minha irmã. E até aonde eu sabia isso era recíproco. A noite caia, junto com a chuva torrencial, o vento fazia a madeira da casa ranger, o barulho as vezes era assustador. A TV estava fora do ar, talvez pelo vento forte. Eu estava sentado na sala, olhando pela janela, assistindo a chuva formar um tipo de cachoeira em um barranco próximo. Alguns miados e latidos abafados pelo vidro. Vi um vulto passar, com aparência de um cachorro, mas era maior, grande e preto. E estranhamente a campainha tocou, uma trovoada me fez pular do sofá. Abri a porta e era Sam. Apenas com as calças. Ergui uma sobrancelha e fechei a porta na cara dele. Tornei a sentar no sofá. Quem é que ele pensava ser? Ir embora sem dar notícias e depois voltar com cara de cachorrinho caído da mudança. Não estava surpreso. A campainha tocou de novo e de novo até Leah berrar para eu atender.
- Não vou abrir a porta para Sam! Sem chance! – Bufei.
Ele gemeu lá de cima, então desceu correndo e foi de encontro ao garoto. Pulou nos braços dele e ficou cochichando sobre a saudade imensa e perguntando onde ele estivera. Aposto que por trás de todos aqueles cochichos ele estava odiando a idéia de segurar Leah em seus braços. Emily desceu aos pulos, atrasada. Sam afrouxou os braços antes apertados, envolvendo Leah. Ele a fitou como se nunca tivesse a visto antes. Franziu os lábios, olhando para o chão. Sua expressão mudou completamente. Sam estava estranho. A fina calça que revestia a pele de Sam parecia ser o suficiente para ele, mas enfrentávamos um frio de menos dois graus! Sempre achei que Sam era esquisito. Mamãe a chamou, ela beijou-lhe a testa e subiu as escadas correndo. Fiquei sentado no sofá, com a cara enfiada em um livro. E Sam fitava Emily sem parar. Aquilo estava me irritando. Emily tentava desviar o olhar, mas percebi que ela o olhava também. Escutei os estalos do piso enquanto Leah descia as escadas. Imediatamente Sam parou o que estava fazendo para dar um sorriso amarelo. Ele parecia confuso, ao mesmo tempo apaixonado, e naquele momento eu não sabia por quem. Aquela dúvida me perseguiu durante as três semanas seguintes. Eu tentava adivinhar o que havia de errado. O que Sam queria com Emily. Quais as possíveis intenções. E se isso teria algo a ver com o sumiço de Peter. Naquela noite ele foi indiferente com Leah, eu sentia isso. Mas minha irmã parecia não notar. Isso fez com que eu tivesse certo hesito com Sam. Minhas súplicas para que estivesse tudo bem entre Lee e Sam eram constantes. Eu pensava na felicidade de Leah, diferentemente do estúpido e grosseiro Sam.
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